Entrevista à “Revista Sapiencia”

Entrevista publicada no número 23 da Revista Sapiencia

Identidades Americanas e Política Externa Brasileira

ENTREVISTA

LUÍS CLÁUDIO VILLAFAÑE G. SANTOS

POR ANA PAULA S. LIMA

“Um ponto de extraordinária importância muitas vezes esquecido quando se faz um balanço de realizações do Mercosul é o aspecto identitário. Mais importante do que analisar se o comércio intrabloco cresceu ou está estagnado, é lembrar que antes do Mercosul a hipótese de guerra entre os países do bloco não era de se descartar. Não há mais uma alteridade tão marcante que rotule o país vizinho como um inimigo que se deve derrotar.”

      O continente americano tem um papel de extrema importância na identidade internacional do Brasil. A condição de nação americana e suas variações latino-americana e sul-americana são aquilo que o diplomata e historiador Luís Cláudio Villafañe Gomes Santos chama de circunstância histórica da identidade brasileira no livro A América do Sul no Discurso Diplomático Brasileiro (Funag, 2014).

É histórica – e não natural, como a localização geográfica poderia nos fazer pensar – porque identidades são produzidas por um sistema de relações sociais. Por exemplo, as diferentes propostas de definição de América no século XIX e os debates em torno da ideia de pan-americanismo eram, antes de mais nada, formulações de conceitos que acabaram por impactar na forma como os países da região viam a si mesmos e aos outros.

Essas identidades estão sujeitas a constantes transformações, sendo frequentemente utilizadas para fins de política internacional. Nos dias atuais, a instrumentalização desses recortes identitários ocorre principalmente nas diversas iniciativas de integração regional existentes.

    Desde a Independência, o “eu” diplomático do Brasil tem sido pensado com base na ideia de América. Se no Império há negação das repúblicas americanas (vistas como o “outro”), no começo da vida republicana, a identificação com outros países da região dá lugar a um “nós” no discurso diplomático brasileiro. A estratégia em torno das identidades regionais, assim como a ênfase dada a elas, varia de acordo com o período histórico.

Para entender a questão das identidades americanas na formulação da Política Externa Brasileira (PEB), conversamos com o Ministro Luís Cláudio Villafañe G. Santos, que atualmente ocupa o cargo de chefe de gabinete

da Subsecretaria-Geral de Política III, setor responsável pelas relações bilaterais do Brasil com os países da África e do Oriente Médio. Como historiador, ele é autor de inúmeros livros e trabalhos sobre a PEB, como Evangelho do Barão: Rio Branco e a Identidade Brasileira (Unesp, 2002); O dia em que adiaram o Carnaval: Política Externa e a construção do Brasil (Unesp, 2010) e o Brasil entre a América e a Europa: o Império e o Interamericanismo (Unesp, 2004).

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